sábado, 14 de abril de 2012

Subam na árvore

           "Para uma seleção justa, todos terão que fazer o mesmo exame: por favor, subam na árvore"
É exatamente assim que vejo a educação. As dificuldades de alguns são ignoradas assim como as facilidades, para dar uma falsa impressão de igualdade.
Já terminei a escola há um tempo e achava que essa história de "vamos ignorar a individualidade e fingir que todo mundo é igual pra facilitar" já tinha acabado. Então entrei na faculdade e percebi que ainda tenho mais três anos e uns meses dessa porcaria pra aturar.
Nunca me dei bem na escola. Não no sentido de notas porque fiquei de recuperação poucas vezes, tirava notas altas em matérias como História e tinha um desempenho medíocre porém aceitável em matérias exatas. Meus problemas eram outros. Pra começar, os professores tem essa mania de pedir seminários. Os alunos extrovertidos perdem uns cinco minutos fazendo uma apresentação tosca no Power Point, vão pra frente da sala, apresentam, fazem umas piadinhas e tudo bem. Os alunos tímidos também perdem uns cinco minutos fazendo apresentação no Power Point, passam semanas se torturando ao se imaginar apresntando algo na frente de uma sala cheia, vão pra frente da sala e não apresentam direito, justamente por causa da timidez. É justo? Quem não é tímido não tem nem idéia do sofrimento que esses malditos seminários causam.
Depois temos os trabalhos em grupo. Eu sei que ninguém vive bem na solidão, que é impossível viver sozinho mas eu acho que tenho o direito de preferir fazer trabalhos sozinha. Não gosto de delegar funções, sempre tem alguém que não faz a sua parte direito e o pior: todos tem que se reunir fora do horário de aula pra fazer o trabalho. O que mais me deixava brava na época de escola era que nós passávamos sete horas lá dentro e depois ainda tínhamos que ficar um tempo a mais na escola para fazer trabalhos em grupo. Não me dou bem fazendo trabalhos em grupo, indo a essas reuniões e não tenho como mudar. Ao contrário do que uma professora me disse uma vez, existem sim profissões em que você não precisa trabalhar em grupo, pelo menos não diretamente.
Eu amo escrever e esperei até o último ano de colegial para que pudesse ter aulas de redação. Logo na primeira aula, a professora praticamente nos ensinou como escrever uma redação para vestibular. O erro não foi dela. Aulas de redação só existem porque a prova da FUVEST tem uma parte dedicada à redação. Se não tivesse, ninguém teria aulas de redação. Nessas aulas se ensina algo parecido com uma fórmula de física: problema relacionado ao tema + indignação + frases de alguém com um nome bacana = redação. Assim, se o tema da redação da FUVEST for "chuva", você fala dos alagamentos causados por chuvas, culpa o prefeito por não limpar os bueiros e enfia uma frase qualquer de Carl Jung no meio pra ficar legal. Pronto, sua redação de vestibular está feita! Acontece que ela não instigou seu escritor a pensar e sim a falar o que todo mundo já sabe.
Será que ninguém vê que esse método não está dando certo? Que ser tímido não é doença ou limitação e sim uma simples característica psicológica? Que muita gente rende mais trabalhando sozinho? Que ser ruim em química não quer dizer que você seja burro? Que uma pessoa que não sabe a fórmula de Bháscara de cor mas sabe pintar uma aquarela pode ser muito mais inteligente do que uma que sabe resolver equações de segundo grau com facilidade mas não sabe desenhar um quadrado? Que tentar colocar um monte de alunos no mesmo pacote é impossível?
Se alguém achar que estou sendo dramática, só digo uma coisa: eu adoraria ser professora. Pensei em ser professora de inglês ou de redação e acho que seria a carreira dos meus sonhos. Desisti ao me imaginar no lugar daquele nobre senhor da ilustração acima.


*A proposta do blog é falar sobre música e videoclipes. Continuará a ser assim, só queria aproveitar esse espaço pra desabafar sobre um assunto que sempre me incomodou e sempre incomodará até que algo seja feito.

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